"Too Old To Die Young" e o audiovisual sob demanda - Mateus Tavares
A minissérie "To Old To Die Young" foi lançada em 14 de junho de 2019, na plataforma Amazon Prime Video. A produção pode ser classificada como um drama policial, dirigida por Nicolas Wedding Refn e escrita por Refn e Ed Brubaker, é estrelada por Miles Teller e Augusto Aguilera. O enredo da minissérie é focado na história de Martin (Miles Teller), um policial de Los Angeles que está vivendo um processo de luto pela morte do seu parceiro de trabalho. Ele se encontra em um submundo criminoso diverso e cheio de questões atuais.
Podemos definir a produção com um estilo não muito convencional e voltado pra séries populares em plataforma hoje em dia, ela foge completamente dessa proposta, e traz tal fato como um atrativo para o público. Essa afirmação se prova em vários pontos, desde o estilo de direção de fotografia que busca a todo tempo retratar a filmagem como literalmente uma fotografia, com enquadramentos milimétricos e uma direção de arte impecável. Tal importância é refletida nos planos de filmagem, podemos observar planos extremamente longos e pouquíssimos cortes, o diretor visa sempre mostrar toda a cena e passar uma velocidade de vida real. Esse tempo da vida real que é buscado reflete talvez a característica mais impopular da séria, as cenas são demasiadamente extensas, o diretor não tem medo do silêncio e as vezes passamos minutos sem assistir um diálogo rápido ou alguma ação brusca.
Outra característica essencial da minissérie mas que dessa vez traz um ar de modernidade e que visa facilitar a maneira de assistir a produção, é a adaptação ao novo universo dos streamings e plataformas digitais. O diretor Nicolas Wedding Refn sempre observou como o consumo do audiovisual mudou com o advento da era digital, sua filha consome bastante o YouTube e isso foi um fato que trouxe muitas reflexões sobre as suas produções. O consumo de audiovisual sob demanda faz com o que público tenha um domínio muito maior sobre a maneira de consumo, podendo assistir um vídeo fora de ordem, ouvir apenas o áudio do vídeo enquanto faz alguma tarefa, assistir em dispositivos completamente diferentes como TVs e celulares, entre outras maneiras de consumo. A adaptação proposta pelo diretor é assumir esse domínio que o consumidor possui e dar ao mesmo possibilidades de usar isso de maneira criativa, a minissérie foi produzida de forma que os episódios funcionam em ordens variadas, não possuindo uma linha correta. Uma prova dessa variação é que a produção foi apresentada no Festival de Cannes começando pelos episódios quatro e cinco.
Se você procura por uma série diferente e com inovações técnicas, talvez seja uma ótima oportunidade de consumir algo novo. A produção terá uma temporada única, já sendo avisado desde o seu lançamento que não haverá novas temporadas. Te convido a refletir sobre nossa nova maneira de consumo de produções audiovisuais e assistir uma direção de fotografia impecável.

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