RESENHA ARTIGO - COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: CONCEITOS E DIMENSÕES DOS ESTUDOS E DAS PRÁTICAS - POR SARA MAIA

No artigo intitulado ‘Comunicação organizacional: conceitos e dimensões dos estudos e das práticas’, Margarida M. Krohling Kunsch trata dos avanços teóricos e práticos que foram alcançados no que diz respeito ao papel comunicacional nas organizações. Entende-se por organizações todos os tipos de instituições: privadas, públicas e sem fins lucrativos. Kunsch (2006) postula de princípio que a comunicação é parte inerente da organização, ou seja, está ligada à própria natureza e por isso, sem ela não seria possível existir organizações. Nesse sentido, o processo comunicativo ocorre em dois âmbitos: macro (estrutura social) e o sistema micro (organização) que estão ambos sujeitos a variabilidade dos contextos culturais, políticos, individuais e econômicos. Por isso, segundo a autora seria ilusório acreditar que as informações transmitidas pela organização para os seus mais variados públicos e também as que tramitam internamente, são recebidas da mesma forma e geram apenas efeitos positivos. Partindo dessa base, Kunsh (2006) apresenta a evolução da comunicação organizacional. 

Na Revolução Industrial é que foram lançadas as bases para a configuração da comunicação organizacional tal como vigora hoje. Com o processo de industrialização as empresas foram obrigadas a dirigir anúncios ao público com o fim de vender seus produtos frente às ofertas dos concorrentes. Nesse período, a comunicação interna possuía um caráter mais administrativo de transmissão de informações e a externa de caráter funcional (sem se importar tanto com o retorno do público). Entretanto, com as mudanças ocorridas em um contexto global após o fim da guerra-fria, em 1989, as empresas tiveram que lidar com uma forte competição econômica que nunca havia sido vivenciada. A partir de então, a comunicação passou a ser considerada como área fundamental e estratégica, deixando de ter a função meramente técnica e instrumental.

No Brasil a comunicação organizacional foi desenvolvida graças ao aperfeiçoamento do trabalho do jornalismo empresarial e das relações públicas, bem como do progresso econômico e sócio-político. O fato marcante que serviu para fazer avançar o desenvolvimento desse campo foi a criação da ABRP – Associação Brasileira de Relações Públicas, em 1954.  Em 1967, o surgimento da Aberje – Associação Brasileira dos Editores de Revistas e Jornais de Empresa, hoje denominada Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, também foi de grande importância. Além desses mencionados, Kunsh (2006) destaca o surgimento da Proal - Programação e Assessoria Editorial, em 1968, e também o trabalho desenvolvido pela Rhodia de criação e apresentação de uma estrutura de comunicação integrada através de um ‘Plano de Comunicação Social’, entre 1982 e 1988. 

Kunsh (2006), trata também da evolução teórica da compreensão da comunicação. No Canadá, James Taylor, concebe a comunicação como a própria organização e não mais como um processo que simplesmente acontece nas organizações. O norte-americano Stanley Deetz (2001) compreende a comunicação organizacional em três aspectos: aquela que é especializada em departamentos, a que existe independente deles e por último, a que descreve e explica a mesma organização. Já Joan Costa, o estudioso espanhol, concebe a comunicação organizacional dando enfoque às questões da identidade corporativa. O holandês Cees B. M van Riel, enfatiza os estudos de reputação e imagem corporativa em relação ao público-alvo. O mexicano Horácio A. Rodriguez de San Miguel (2003), trata essa área como um conjunto de técnicas que visa facilitar a comunicação no contexto das organizações, seja internamente, seja externamente. Pablo A. Múnera Uribe e Uriel H. Sánchez Zuluaga, estudiosos da área na Colômbia, dão primazia à perspectiva corporativista da comunicação organizacional. No Brasil, Kunsh destaca que Gaudêncio Torquato (1986, 2002), foi um dos pioneiros em tratar a comunicação numa perspectiva integrada no país. Já o brasileiro Wilson da Costa Bueno privilegia o estudo da função social das empresas ao trabalhar pela conciliação do institucional e mercadológico.  

Por fim, Kunsh (2006) defende que sua concepção parte de uma não-fragmentação da comunicação nas organizações, mas sim, de uma integração das áreas. Neste sentido, é possível claramente notar que a autora confronta as teorias comunicacionais que enxergam o processo de comunicação organizacional dentro de um sistema de departamentalização e segregação. Essa perspectiva tende a tomar a comunicação como algo linear e de cunho estritamente funcional. Contudo, como tão bem postulou Kunsh (2006), somente por meio de uma concepção ampla e estratégia da comunicação, ou seja, que leva em conta tanto as demandas internas, quanto às exigências e interesses externos, é que se pode realmente ter uma comunicação eficiente e completa por ser nesse sentido, integrada. Ver diagrama abaixo: 

Referência:

KUNSCH, Margarida. Comunicação organizacional: conceitos e dimensões dos estudos e das práticas. 2006. Disponível em: http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/11868/material/Comunica%C3%A7%C3%A3o%20organizacional%20conceitos%20e%20dimens%C3%B5es%20dos%20estudos%20e%20das%20pr%C3%A1ticas.pdf. Acesso em: 8 fev. 2021.

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