Análise do documentário: O dilema das Redes - Por: Davi Teixeira de Andrade
O DILEMA DAS REDES
Nesta análise serão realizados comentários sobre: O Dilema das Redes. O novo lançamento da Netflix
mistura ficção com informações reais de diferentes profissionais que já
trabalharam em grandes companhias de redes sociais.
O Dilema das Redes apresenta a visão de diversos
responsáveis envolvidos na indústria da tecnologia, a partir de seus próprios
dilemas éticos e pessoais, já que os mesmos também sofrem com o vício e as
consequências do uso das redes sociais. O documentário nos lembra que as redes
são empresas formadas por acionistas com conjunturas e interesses comerciais.
Mas afinal de contas, o que elas comercializam, já que parecem gratuitas? O documentário
responde: você é o produto!
Você é o dado que vai alimentar o modelo matemático
que chamamos de algoritmo. Esses modelos são baseados em aprendizado de máquina
e a partir de um enorme volume de informações pessoais preveem uma série de
hábitos. Dessa forma, as redes irão ofertar essas informações como um produto
para os anunciantes e eles por sua vez irão fazer anúncios específicos e
segmentados através do comportamento digital de milhares de pessoas. O
algoritmo monitora diversas ações que fazemos. Como, por exemplo, o tempo em
que permanecemos em uma imagem ou vídeo e onde clicamos na tela com mais
frequência.
As redes sociais possuem sim pontos positivos. Elas
são como um carro. Pode ser uma ferramenta que vai te ajudar a se locomover,
mas também pode se transformar em uma arma que vai tirar a vida de alguém. Para
entendermos melhor como tudo isso funciona, vamos analisar algumas informações
bastante úteis.
- Redes Sociais e Fake News
Diversas notícias falsas são construídas para serem
irresistíveis para nós. Isso acaba gerando uma irresponsável utilização de
dados e consequentemente a manipulação. Esse é um dos aspectos negativos do
aprendizado de máquina e é nesse ambiente tecnológico onde encontramos as bolhas
de informação. O algoritmo tende a te mostrar apenas as coisas que são do seu
interesse, criando uma falsa sensação de que todos concordam com você. O que
precisamos entender é que cada pessoa irá receber um tipo de resultado quando
fizer alguma pesquisa no google, pois o algoritmo é extremamente personalizado.
Esse é o cenário perfeito para a polarização que vem dividindo a opinião das
pessoas. Ou é 8 ou 80. Ou é certo ou errado. Sempre que tentamos pensar de
forma mais crítica, somos combatidos com mais veemência pelo contexto em que
estamos imersos.
- A estratégia do clickbait
É interessante também falar sobre as capas dos vídeos
no Youtube. Quando a capa de um vídeo é condizente com o conteúdo
proporcionado, as pessoas tendem a não clicar. Em contrapartida, quando você
usa a estratégia do clickbait, apresentando uma capa persuasiva e apelativa e
que na maioria das vezes não tem nada a ver com o conteúdo, as pessoas tendem a
clicar. Isso faz com que esse tipo de conteúdo seja mostrado mais vezes para
mais usuários, podendo ser muitas vezes a causa de preconceito e manipulação.
- Autoestima
Além de todo o lado técnico sobre o assunto, temos
problemas realmente profundos da nossa sociedade acontecendo. Crianças e
adolescentes estão mais expostos a isso e o número de pessoas que se sentem
insatisfeitas e ansiosas em relação à sua própria vida aumenta cada vez mais.
As redes sociais podem não ser a causa, mas são a consequência e neste ciclo
tudo está interligado. Temos o costume de nos comparar com outras pessoas e
achar que não somos bonitos o suficiente, pois tudo o que vemos são peles e corpos
perfeitos. Acabamos esquecendo que tudo é uma ilusão gerada por filtros que não
condizem com a realidade de nossas peles e corpos.
O que podemos aprender com tudo isso?
Gostaria de compartilhar uma definição de algoritmo
que me marcou muito: ‘’Algoritmos são opiniões
embutidas em códigos’’.
Isso mostra que eles são sobre você, sobre eu mesma.
somos nós, como pessoas, tendo preferências e comportamentos que são
exponencialmente exibidos, criando esses modelos que nos induzem. Para
‘’quebrar’’ o algoritmo é preciso entender a nossa responsabilidade dentro
disso e o documentário eleva coisas positivas mas também traz a tona, de uma
forma brutal, o pior lado da sociedade.
É importante entender que a otimização do algoritmo
está direcionada para um objetivo: o sucesso comercial. O documentário faz uma
crítica à como a educação digital ainda é pouco discutida. Não lemos termos de
uso, não entendemos nada sobre inteligência de máquina, mas as redes sociais
ainda estão presentes no nosso dia a dia.
A crítica é que leva a uma solução melhor. Não é sobre
reclamar, nem ser pessimista. É sobre olhar para uma situação e se questionar,
pois aquilo que não nos incomoda, nos acomoda. Mas e agora, o que devemos
fazer? Abandonar o celular e morar numa cabana no meio do mato? Ou vamos
permanecer nas redes? Tudo bem se questionar. Isso é o pensamento crítico. A
partir do incômodo, virão soluções melhores para esse dilema. E para me
despedir de vocês, deixo uma frase citada no documentário: ‘’Os críticos são os
verdadeiros otimistas’’.
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