Resenha do podcast "Comunicação Pública: guia de sobrevivência" _ Por: Camila Machado.

 



O podcast Comunicação Pública: Guia de Sobrevivência, idealizado por Aline Castro e apoiado pela Associação Brasileira de Comunicação Pública, foi lançado em janeiro de 2020 contando hoje com mais de 25 episódios, nos quais a apresentadora discute os desafios de se fazer uma boa comunicação pública. A cada episódio um novo tema é discutido e os convidados compartilham suas experiências e dão dicas de como “sobreviver” aos desafios e driblar os problemas que acompanham o setor público.  Aqui falarei, especificamente, do episódio dois desse podcast: “Trocas de gestão e a continuidade da comunicação”.  

Neste episódio, Aline Castro fala de como a área de comunicação das organizações públicas é impactada pelas trocas periódicas de administração. Os profissionais de comunicação ficam a mercê do novo gestor, podendo perder seus cargos e seus projetos e planejamentos que já estavam em andamento.  No judiciário a troca acontece a cada dois anos e o José Vieira Neto, jornalista com mais de 25 anos de carreira que já passou pela comunicação do Tribunal de Justiça, Tribunal Eleitoral, Ministério Público estadual e hoje está a frente da comunicação do TRD 13° região da Paraíba, compartilhou suas experiências e deu algumas dicas sobre como enfrentar a tensão que perpassa essas trocas de gestão.


DICA 1: Marque uma reunião com o novo presidente e mostre-o que o papel da comunicação é muito mais do que divulgar e de como é importante que a área da comunicação saiba de tudo que está acontecendo na organização mesmo que certas informações não rendam notícia. É preciso mostrar como a comunicação trabalha. É importante também falar sobre tempo, a “comunicação para ter credibilidade e efetividade tem que ser ágil tanto para atender a imprensa externa quanto para combater a ‘rádio pião’, aqueles boatos que surgem na comunicação interna”. Quem trabalha com comunicação tem que cobrar respostas e posicionamentos da administração, insistindo em determinadas perguntas, uma vez que o papel da comunicação é traduzir da melhor forma possível e com o máximo de transparência as informações, tanto para o jornalista quanto para público interno e para os cidadãos no geral. Apresente também o manual de redação da organização para que ele veja que tudo o que é publicado nos canais de comunicação da instituição segue critérios e padrões específicos. Esclareça ainda que a função do “clipping” é reunir e mostrar o que a imprensa tem falado da instituição e que por isso notícias negativas também contarão no clipping para que não surjam questionamentos no futuro.

 

DICA 2:  Construa uma relação de confiança com o novo gestor. É impossível fazer um bom trabalho se o presidente não confiar em seu assessor e vice-versa. E é preciso ainda ter proximidade com o gestor, é impossível fazer uma boa comunicação e aferir os resultados dos projetos que estão caminhando na instituição. A comunicação entre o presidente da e a área de comunicação da organização não pode ser mediada, seja pelo assessor pessoal do presidente, advogado ou qualquer outra pessoa. Para que essa relação de proximidade e confiança seja criada é preciso apresentar resultados, então sempre faça uma medição periódica dos resultados de seus projetos, porque tão importante quanto ser capaz de realizar é saber se o que foi feito foi eficaz. Com essa mensuração sempre atualizada você poderá, a cada troca de gestão, fazer um relatório apresentando os objetivos já atingidos e os resultados positivos que ainda podem ser colhidos se a continuidade do projeto se efetivar na nova gestão.

 

DICA 3: Saiba trazer as pessoas de volta para a realidade, as faça manter o foco e saiba dizer não.  Muitos novos gestores chegam apresentando projetos mirabolantes, mas que muitas vezes não tem nenhuma efetividade e vão até mesmo contra a imagem construída até ali da organização.  É preciso dizer não a essas propostas e evitar futuros problemas. Para que nenhum atrito seja gerado apresente boas justificativas para a sua recusa à proposta, dê exemplos e explique o porquê de não ser uma boa ideia, apresente os pontos fracos e os problemas da proposta.  Para se fazer uma boa gestão da comunicação de uma instituição é preciso ter uma boa relação com as pessoas, mas isso não significa atender cegamente todas as propostas delas, é preciso dizer não, mas de maneira educada e até mesmo didática para que nenhum conflito seja gerado.

Encerrando esta breve resenha do “Sobrevivendo a: trocas de gestão”, apresento as três últimas recomendações da Aline aos profissionais que trabalham com comunicação pública e sofrem com a descontinuidade de projetos causadas pelas periódicas trocas de gestão: 1. Monte documentos e relatórios que mostrem o valor d seu trabalho e mantenha-os sempre atualizados; faça associação dos resultados da comunicação com os objetivos da instituição e não tenha medo de enviar esse material ao novo gestor; 2. Peça uma reunião presencial com o novo presidente logo nos primeiros dias de administração e apresente a ele tópicos de tudo que você faz seus projetos e tudo o que for importante que ele saiba logo de início. Esclareça as coisas e pergunte se ele concorda com o que foi apresentado; 3. Mantenha a calma, confie em si mesmo e não passe por cima de nenhum valor pessoal para se manter no cargo.  

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